Audny passou alguns dias em claro sentada no sofá da grande sala. Quando escurecia ela saia e as vezes ficava apenas na varanda observando o movimento dos empregados, dos animais, aviões ou qualquer outra coisa que se movimentasse. Comecei a achar que Franz tinha feito uma lobotomia com ela e decidi ir lhe perguntar com mais detalhes o que havia rolado.
– E ai tá tranquilo? – Cheguei de boas…
– Depende, se for pra encher o saco sobre a velha, vai dar merda!
– Tá foda esse teu mau humor. Tais assim faz mais de mês, tem algo em que eu possa te ajudar? – Tentei ser compreensivo.
– Só de não vir aqui falar comigo, já me ajudas!
– Caralho Marquês, vai se fuder… só preciso saber o que tu fizeste com a velha, lobotomia?
– Relaxa maninho, só mandei ela esquecer o Georg. Repensar sobre o que a motivava existir e que ela tinha tido uma segunda ou terceira oportunidade de se reinventar nesse século.
– Porra, essa ideia saiu de ti mesmo? Fiquei impressionado, sério mesmo!
– Vai se fuder, tu também e me deixa aqui no quarto… Aliás vou pra cabana do mato passar uns tempos lá. Se precisar de algo, não me procura.
Segurei o riso, ele faz isso de tempos em tempos. Geralmente, quando começa a se apaixonar, mas estava tão chucro que evitei qualquer tipo de comentário e sai em silencio, apenas me abaixei e fiz uma reverência brincando com sua nobreza. Coisa de irmãos, só quem tem sabe como isso funciona rsss.
Em seguida, aproveitei para falar com Pepe, que também estava em seu quarto. Ela jogava GTA em seu notebook. Blackout total e apenas a luz da tela e dos leds do fone gamer brilhavam por ali. Ao me ver, ela apenas virou o rosto rapidamente e comentou: “precisa de algo chefe?”. Percebi que estava bem, então fiz sinal de positivo com a mão e ela me respondeu com uma piscadinha de um olho só.
Sebastian e H2 haviam saído e só me restava Audny na varanda. Resolvi interagir. Ela estava de pé encostada com os braços no guarda corpo da varanda e me aproximei até ficar uns palmos dela. Soltei:
– O mundo mudou muito desde que você precisou hibernar?
Ela virou o rosto rapidamente para mostrar que estava me ouvindo, mas segurou por alguns segundos a resposta.
– Simm… Percebi eu, que vós possuís muitos itens feitos do tal plástico, é assim que nominaram? No meu tempo era madeira, metal… Já havia vidro, porém era muito caro. O que ainda estou tentando entender é como as velas se ligam sozinhas, é magia?
– Já ouviste falar em energia elétrica?
– Sim quando bebestes do meu sangue, eu também senti e vi coisas a teu respeito. Energia elétrica, o português que proferes, essas caixinhas que vocês mexem com as mãos… Estou assimilando tudo isto nas últimas noites e dias.
– Entendo e obrigado por compartilhar comigo. Ouvimos algumas histórias a teu respeito, mas quando bebi teu sangue percebi o teu ponto de vista. Na era atual, você seria vista como uma mulher independente e que não aceita ordens de nenhum homem.
– Por favor, conte-me mais Ferdinand, quinta cria de Georg.
– Pra começo de conversa, esquece esse “quinta cria…
O papo rolou por mais algum tempo. Tentei fazer um resumo dos comportamentos, modos e tudo o mais que temos na atualidade. Ela entendeu alguns, achou graça e até vergonha de outros, mas senti ali alguém que realmente estava aberta para o mundo.
Confesso, que aquele pé atrás ainda persistiu naquela noite…
Coitada só tava perdida, eu no lugar dela estaria, ainda estranho certas tecnologias de hj, desde que Angelique veio até mim, pelo astral as vezes sinto que não faço parte dessa época como se eu não fosse eu … Vai entender, mas tô amando cara ❤️😘