fbpx

Espírito: Vampiro x Lobisomem – pt5

Meu período de sono e pensamentos foi rápido, devo ter ficado na cama umas 4h no máximo. Porém, foi tempo suficiente para o espírito de Ari me encontrar e sugerir algumas ideias: tortura, sacrifício, vampiro, lobisomem…

Os dois últimos termos provavelmente foram em consequência do meu cotidiano e da minha convivência recente com meu irmão Carlos (Adolf) e de Vera. Além disso, minha fome estava aflorada, meus sentimentos conturbados e acordei com apenas uma coisa na cabeça: preciso de sangue!

Levantei-me, coloquei uma roupa qualquer e lavei a cara algumas vezes. Vampiro não tem remelas, mas o fato de jogar água na cara dá aquela sensação de renovação, de limpeza… Acorda, sabe?

Carlos e Vera estavam na sala. Acho que o sol ainda estava dando o ar da graça por mais alguns minutos. Sentei-me numa poltrona próxima a eles e tentei ser hospitaleiro:

– Boa tarde ou noite pessoal.

Carlos, sorriu e soltou um singelo “E ai meu irmão vampiro”. Já Vera me olhou e ponderou antes de se manifestar:

– Boa noite moço! Pelo visto seu descanso não foi tão bom?

– É me revirei em pensamentos descasados e acho que preciso me alimentar também.

– Humm pois é Carlos, como estávamos falando é melhor chamar a Jaciara… Mas vou deixar o Carlos te falar disso Ferdinand, tô com fome também.

– Jaciara, não lembro de nenhuma índia com esse nome na tua alcateia.

– Ela saiu de lá faz um tempo. É daquelas que curte a vida na cidade, acho que na última vez que falamos estava pelo Nordeste. Bom, ela entende bastante de espíritos, ela foi aprendiz da Vera e depois a superou. Ganha a vida como vidente e geralmente anda com os ciganos. É uma lobisomem também, antes que pergunte.

– Olha curti essa história, acho bacana toda essa vibe de videntes e ciganas e se quiser mando um helicóptero ou jatinho pegar ela onde estiver. Só que preciso muito de sangue, se não vai dar merda mano.

Carlos com toda sua calma meio viajona:

– Tá, boa. Aliás, quer ver quem encontra primeiro um cervo ou qualquer outro animal naquela floresta?

– Só se for agora!

Pausa para o lanche

Carlos mandou algumas mensagens para Jaciara, que até o momento em que saímos não havia respondido. Deixamos as roupas na varanda e foi naquele momento conturbado que percebi a idade agindo sobre o corpo do meu irmão. Uma barriga estava saliente, muitos pelos brancos espalhavam-se por seu corpo e a pele já sobrava em algumas partes.

Apesar disso, sua transformação em lobo foi rápida e nesta forma ele ainda parecia jovem e forte. Dizem que alguns lobisomens preferem essa forma e alguns a assumem como permanente no final de suas vidas. Talvez seja a animalidade deles que seja difícil de controlar na velhice, mas é apenas uma lenda e ninguém realmente gosta de discutir isso com um lobisomem velho, ou tem paciência.

Decidi que seria mais justo se ambos estivessem na forma de lobo e foi nisso que me tornei. Quase todos os sentidos ficam mais aguçados nessa forma e foi fácil rastrear um javali. Animal difícil de pegar, ainda mais porque também havia uma onça na espreita.

Situação que se tornou ainda mais complicada quando Carlos apareceu. Mordidas pra lá e pra cá, uivos, rosnados… Por fim consegui o sangue que manteria são por mais alguns dias e noites. Carlos aproveitou para fazer um lanche também. Ficou pensando se a onça ao fugir entendeu o que se passou ali entre nós.

De volta a fazenda

Depois, já de banho tomado, nos encontramos no meio da madrugada e Carlos veio ao meu encontro na varanda com notícias boas:

– Posso mandar alguém ir pegar a Jaciara? Ela tá em Fortaleza.

– Claro, deixa eu ver se o nosso piloto tá disponível de manhã.

Instantes depois fizemos as combinações necessárias e ela seria trazida para a fazenda ao longo da tarde.

Passei aquele dia entre uma mistura de cochilos, com momentos de inspiração onde eu vinha aqui no blog ou nas redes sociais para escrever algo.

O final de tarde veio e com ele a chegada de Jaciara. Alguém que desde o primeiro olhar chamou minha atenção. Morena de cabelos lisos e compridos. Altura mediana e olhos castanhos claros. Ela vestia uma blusinha solta sem sutiã, com uma parte dentro do short… Sinceramente, havia sido uma bela e ótima primeira impressão. Até que nos cumprimentamos…. Nossos rostos se conectaram para um singelo beijo na bochecha, seguido de um abraço leve, que terminou num rápido empurrão por parte dela…

– O que diabos tem em você, cara?

Afastei-me, fiquei sem jeito e preocupado olhando para o que ela me falaria depois:

– Vampiro… tens um espírito agarrado em ti…

4 comentários

  1. Uiii esse espírito tá mesmo querendo algo rsrs e ainda que Jaciara percebeu que ele tá na tua cola … Então vamos terminar de descobrir o que esse espírito quer de ti … E tenho uma dúvida Fer, os lobisomens podem assumir mais de uma forma ? Tipo sem ser essa do lobo ? Tipo aqueles que vemos nos filmes ? Porque dizem que toda lenda tem uma história por trás …

    • Pois agora… Essa questão dos motivos dele ainda me parecem obscuras. Já pensei que poderei a respeito de ser alguma maldição de alguma “namoradinha” ou alguém que possa me odir a ponto de fazer isso.

  2. Ummm, ué, mas a ponto de botar um espírito na tua cola pra te assombrar … E te fazer ter todo esse trabalho, nesses longos anos de existência vc deve ter tido alguns desafetos rsrs digamos assim, faz todo o sentido

  3. Obsessores… Eles são extremamente insistentes. Ansiosa para a continuação.

    Me apaixonei pela paisagem da floresta. Que imagem linda! Imagino que deve ter muitos Ferais. A lua, o vento, a sensação de liberdade…

Os comentários estão encerrados.